As Mulheres & TIC

Todos os anos celebramos o Dia Internacional da Mulher como uma data fundamental, que reivindica o papel da mulher na sociedade e a igualdade de direitos e oportunidades.

Desde que a ONU oficializou este dia em 1975 até agora, foram dados grandes passos e estamos a testemunhar como o sector das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) está cheio de talentos femininos que precisam de ser promovidos e tornados visíveis.

Este objetivo só será possível através de uma efetiva igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, dando assim forma a uma sociedade mais justa.

No domínio do trabalho tecnológico, os estudos realizados tornam visível que o fosso entre os géneros tem como raiz a falta de representação das mulheres nas carreiras da STEM, que são as carreiras relacionadas com as seguintes áreas do conhecimento:

➡️ Ciências (Science)

➡️ Tecnologias (Technology)

➡️ Engenharia (Engineering)

➡️ Matemática (Mathematics)



Porque é que as mulheres não estão presentes num sector que é fundamental para a economia do futuro?



A baixa presença das mulheres nos sectores técnico e tecnológico deve-se principalmente a dois fatores:

A segregação na escolha académica entre homens e mulheres

O baixo número de mulheres licenciadas nestas carreiras impede que muitas delas desenvolvam a sua profissão no mercado de trabalho.

A ausência de um ambiente de negócios que gira a atração e retenção de talentos com uma perspetiva de género, especialmente nos processos de recrutamento e promoção.

De acordo com investigações recentes, as causas da falta de vocações científicas e técnicas entre as jovens estão diretamente relacionadas com:

⭕️ Papéis e estereótipos de género e a opinião de que os rapazes são melhores na ciência, enquanto as raparigas são mais competentes em línguas, humanidades e ciências sociais.

⭕️ A invisibilidade das mulheres e a falta de referências femininas, relacionadas com todas as áreas do conhecimento e especialmente com a tecnologia nos livros escolares, meios de comunicação, Internet, etc.

Salientar a importância de tornar visíveis as mulheres que são referências e peritos no sector.



Estereótipos sobre o modelo organizacional das empresas



A ideia de que os profissionais que trabalham nestes sectores, são pessoas com pouca capacidade de relacionamento e que passam longas horas no trabalho não é nada atraente, especialmente para as mulheres.

Mas a dificuldade de encontrar mulheres com qualificações técnicas e tecnológicas não é o único problema para a incorporação das mulheres nas empresas deste sector, mas existem outras questões relacionadas com a gestão da igualdade entre mulheres e homens na empresa. A título de exemplo:

Os processos de recrutamento não obedecem a critérios objetivos de avaliação, de acordo com os requisitos da função.

Neste sentido, as opiniões baseadas nos estereótipos das pessoas que recrutam pessoal, reduzem a possibilidade que as mulheres têm de optar por determinados empregos em igualdade de condições.

A integração da perspectiva de género nos processos de seleção é necessária para evitar situações de discriminação.

A imagem veiculada pelo campo STEM relativamente à predominância de valores associados ao género masculino nas formas de trabalho, liderança, etc.

Tendo em conta que as mulheres escolhem profissões com projeção social, o impacto social das profissões técnicas e tecnológicas não tem sido suficientemente valorizado.

A falta de modelos de referência e de redes femininas. Temos de dar visibilidade às mulheres nas carreiras e cargos técnicos, a fim de rompermos com os estereótipos e sermos mais iguais.

A dificuldade de conciliar a vida profissional e pessoal continua a ser um fator que faz com que as mulheres, que continuam a assumir a maior parte das responsabilidades familiares e de cuidados, renunciem ao trabalho em determinados setores.



Mudança social: o que podemos realmente fazer?



Há ainda um longo caminho a percorrer e uma mudança social é um imperativo.

Embora todos os agentes sociais sejam importantes para alcançar a igualdade entre homens e mulheres, a partir da nossa área específica podemos fazer esforços diários para contribuir para as mudanças necessárias para tornar esta igualdade real. O que podemos fazer?

Educar a partir da infância, com base no valor da igualdade. Se as crianças forem vistas como iguais, quando crescerem contribuirão para manter esta igualdade e respeitar-se reciprocamente.

Utilizar uma linguagem não sexista. Quando falamos ou escrevemos, tendemos a usar uma linguagem genérica masculina.

Incentivar a participação e a igualdade no trabalho. Por um lado, o acesso ao emprego oferece a possibilidade de ter uma maior autonomia pessoal e, por outro, é necessário facilitar uma verdadeira igualdade de oportunidades, em termos de salários, independentemente do sexo, e que todas as pessoas tenham acesso à formação e à promoção em condições de igualdade, entre outras questões.

Apoiar a aceitação de igual responsabilidade. O cuidado das crianças ou das tarefas domésticas devem ser partilhados equitativamente entre homens e mulheres, para que a distribuição de responsabilidades seja equitativa.

Na MHP, estamos convencidos de que a igualdade real e efetiva é possível, o que se reflete na constante evolução que estamos a realizar nesta área, atualmente a nossa equipa é composta por 64% de mulheres.



Post publicado originalmente no blog da MHP Espanha e adaptado por Mônica Ramos para o blog da MHP Portugal.